sábado, 13 de abril de 2013

Sobre o decreto de música...

A música e a educação infantil caminham de braços dados... 
como podemos experienciar a atividade musical no nosso dia-a-dia sem que a transformemos em produto? 
Compartilho uma boa reflexão da abordagem histórico-cultural 
de uma artista-professora-doutora 
e de uma doutora-professora-artista!!!


"Minha resposta a um colega que 

queria saber minha opinião sobre o recente decreto de música. 

Compartilho com todos que queiram 

também saber como penso a respeito:

Caríssimo colega Iramar Rodrigues, 

acho que são outros caminhos 

que não fazem parte de como eu penso 

educação musical para a escola pública. 

Não penso em "musicalzar", 

nem em fazer orquestras, 

ou qualquer coisa que venha 

de cima para  baixo,

 nem mesmo a flauta doce 

ou o velho e batido canto orfeônico. 

Penso que educar musicalmente 

seja compartilhar experiências com base 

e a partir do que as próprias pessoas já fazem.

 Educar musicalmente para mim, 

é fazer com que elas descubram 

como elas já são musicais 

em suas próprias experiências musicais do dia a dia

 e que elas passem a ter consciência de tais experiências, 

que possam se expressar, compreender, 

criar e adentrar outras expressões musicais, 

as quais deseje a partir de sua vontade e liberdade de escolha. 

Acho que isso só pode acontecer 

a partir de uma visão educativa mais ampla e libertária, 

que pretenda o exercício dessa mesma liberdade e autonomia. 

Música com todos e para todos a partir de cada um.

 Músicas, no plural. Não uma música, não uma expressão. 

Exercício de musicalidades diversas, de identidades musicais, 

de gente de verdade que faz música no seu cotidiano, 

que são expressões autênticas e válidas 

de serem compartilhadas e vivenciadas por outros.

 Expressões da nossa musicalidade 

que se abram para outras musicalidades. 

Acho, Iramar, que existe espaço para tudo é para todos, 

contanto que haja também o respeito 

para a vivência dessa diversidade.

 Obrigada por perguntar minha opinião meu amigo, 

meus respeitos à você. 

Sinceramente: não é um decreto que muda a cabeça 

nem as práticas engessadas e engessantes 

das pessoas e do mundo escolarizado. 

Abraços brasilienses!"

Fonte:


Patrícia Pederiva fez:
 Graduação em Música pela Universidade de Brasília (1987), 
Especialização em Execução Musical pela Universidade de Brasília (2000). 
Mestrado em Educação (Ensino-aprendizagem) pela Universidade Católica de Brasília (2005). 
Doutorado em Educação pela Universidade de Brasília (2009/ Escola, Aprendizagem e Trabalho Pedagógico).

É Professora adjunta do Departamento de Métodos e Técnicas 
da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
 Integra grupo de pesquisa sobre a teoria histórico-cultural e suas implicações educacionais. 
Coordena grupo de pesquisa sobre a Atividade Musical no contexto de Educação.

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